Viajar não é a solução para todos os seus problemas

Sim, é verdade que viajar pode ser uma experiência enriquecedora. Viajar pode ser uma experiência de autoconhecimento, de aprendizagem e descobertas. Pode ser libertador, renovador ou ainda revigorante. Mas, ao contrário do que pregam na internet, viajar não é a solução para todos os seus problemas não.

Por que eu não escrevi que viajar é enriquecedor, é libertador e é uma aprendizagem? Porque nem toda viagem é igual. Você pode sim viajar o mundo e continuar sendo egoísta, preconceituoso e cabeça fechada. A viagem em si não é garantia de nada.

A internet está cheia de textos, frases e imagens maravilhosas para motivar você a fazer uma viagem. Mas, eu considero grande parte dessas mensagens exagerada e forçada. Cito a famosa “A vida é um livro e quem não viaja lê apenas a primeira página”. Será mesmo? Será que aquela vó do interior que ajudou a mãe a criar os filhos, que veio pra capital em busca dos seus sonhos, que fez faculdade aos 65 anos realmente só leu a primeira página da vida? (essa avó existe e é minha).

Eu entendo que estas frases, exageradas como são, tem o intuito de atiçar a curiosidade, de despertar aquela vontade de conhecer um lugar novo, uma cultura diferente. Mas a coisa fica preocupante quando vemos frases como as das imagens abaixo.

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Seus problemas, seus sonhos, seus sentimentos, suas motivações, tudo o que faz de você esse ser humano único, vão te acompanhar aonde quer que você esteja. Inclusive toda a sua percepção de um lugar – e até mesmo da viagem – vai ser influenciada pelo seu estado emocional. Não adianta querer fugir. Na verdade, não tem como fugir.

Viajar só é uma boa experiência se você está bem, e disposto a aproveitar a jornada. Além disso, viajar custa dinheiro. Aqui no blog sempre falamos de maneiras para fazer uma viagem mais em conta e vez ou outra tentamos dar algumas dicas de como economizar para conseguir viajar. Acontece que muitas vezes viajar acaba saindo mais caro do que o esperado, mesmo com todo um planejamento.

Não adianta comprar esse papo de que viajar é a solução pra vida e esquecer que você vai voltar. E vai precisar lidar com tudo aquilo que tentou ignorar durante a viagem. Algumas pessoas, ainda por cima voltam tendo que se preocupar com as dívidas contraídas por conta da viagem. A famosa “depressão pós-viagem” está ai, mostrando que não tem como fugir. Em algum momento vamos ter que encarar tudo aquilo que tentamos “jogar pro alto”.

Confesso que sinto uma invejinha dos nômades digitais quando leio seus posts pela internet. Mas, eu entendo – e espero que você também – que esse estilo de vida não é pra todo mundo, assim como o escritório também não é. O que a gente lê na internet costuma ser apenas o lado bom das coisas. Mas um nômade digital precisa abrir mão do convívio com a família, com os amigos, de uma rotina bem estabelecida. Perde-se por um lado e ganha-se por outros. O importante é saber identificar qual é o seu estilo de vida, e não comprar um na prateleira da internet.

Também acho que todo esse hype em torno “da viagem” nos faz esquecer de contemplar o que temos ao nosso redor. De conhecer melhor a cidade em que vivemos e de turistar um pouco pela região. Eu sou um exemplo vivo, nascida e criada em Manaus, só fui conhecer o famoso encontro das águas aos 22 anos, enquanto tanta gente viaja pra cá pra ver essa maravilha de pertinho. Com a mesma idade, eu já tinha visitado o Cristo Redentor três vezes.

Eu considero viajar algo importante? sim! Na minha experiência viajar é libertador e está ligado ao meu processo de aprendizado e amadurecimento. Mas, de longe viajar é a coisa mais importante da vida. Tempo de qualidade com a família e com os amigos e uma boa leitura também são enriquecedores e deliciosos!

Se você sentiu que o bichinho da viagem mordeu e percebeu que essa vontade toda não veio pelo motivo certo, experimenta dar uma volta na sua própria cidade, conversar com amigos, espairecer um pouco, talvez este seja o remédio que você está precisando.

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6 respostas

  1. Concordo com tudo que foi dito. Viajar é uma experiência maravilhosa, revigora e nos faz voltar com uma bagagem enorme de conhecimento, cultura e etc. Mas isso tudo a gente também pode conseguir no aconchego do nosso lar, nos livros, nos encontros com amigos e conhecendo nossa própria cidade, como foi dito. Acredito muito que é bem importante começarmos o processo de aprendizagem pela cidade em que vivemos. Se há pessoas que viajam para conhecer o “nosso espaço”, porque é que nós não aproveitamos essa primeira oportunidade antes de partir para o “espaço” dos outros? Se um dia a vida nos levar de vez para outra cidade/ estado / país, o que iremos ter pra contar sobre o lugar em que moramos? Seria vergonhoso imaginar que não teríamos experiências e conhecimento sobre o local que passamos tanto tempo de nossas vidas, né? Termino fazendo minhas as suas palavras: “Tempo de qualidade com a família e com os amigos e uma boa leitura também são enriquecedores e deliciosos!”.

  2. Concordo com tudo, Mina. Indo mais além, acho que qualquer atividade que você faz como o objetivo de ser uma fuga, a solução pra todos os seus problemas, acaba perdendo a essência, você não vive a experiência de fato e no final volta pro mesmo lugar, ou seja, pra dentro de si mesmo, e disso não tem como fugir. Tenho visto esse comportamento não só em relação a viagens, mas a outras atividades, como o esporte por exemplo. Se exercitar é imprescindível? Sim. É a salvação da sua vida e único caminho pra felicidade? Não. Amei a reflexão. Beijos =*

    1. Obrigada Tayná!

      Tenho visto bastante essa busca pela felicidade instantânea. Não à toa a profissão de Choach é a tendência do ano.

      Não podemos evitar lidar com os nossos problemas achando que algo milagroso vai resolve-los.

      Saudades! =*

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